quarta-feira, 29 de julho de 2015

Secretário diz que celas luxuosas no Compaj servem para visitas íntimas aos presos



Louismar Bonates disse que há 25 celas melhoradas, sendo 20 para visitas íntimas e o restante por decisão judicial

SSP-AM encontrou, em revista, celas com porcelanatos, frigobar e sistema de som, mas titular da Seap afirmou que as mesmas já existem há três anos
 A maioria dos quartos revestidos de porcelanato, equipados com frigobar, ventilador e sistema de som, encontrados no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) durante revista, na manhã desta quarta-feira (29), são destinados a visitas íntimas para os presos, de acordo com o coronel Louismar Bonates, da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).



Bonates informou ainda que, ao todo são 25 quartos: 20 para as visitas e 5 destinados a presos que ele não soube nomear, por determinação judicial. “Os quartos já existiam antes que eu assumisse a secretaria e foram feitos após determinação judicial do juiz Luis Carlos Valois”, afirmou.  “Você procura um motel que tenha o minímo de conforto, a mesma coisa acontece com os presos. Isso é o minimo de dignidade para eles. O ‘cara’ está preso, mas a mulher dele não está”.
Perguntado sobre quem seriam os presos que estariam nestas celas, Bonates não soube especificar. Durante a manhã, o secretário de Segurança Pública, Sérgio Fontes, que participou da revista, afirmou que informações colhidas no Compaj indicavam que uma das celas seria de José Roberto da Compensa, considerado o principal traficante do Amazonas.
 
 “Não sei se é do Zé Roberto, do Marcos ou Fabrício. Existem sim as celas com melhorias, mas já estava estabelecido há mais de três anos. Entra preso e sai preso e ninguém mexe nas celas”, afirmou. “Lógico que a Secretaria de Segurança Pública que nunca viu (se assustou)… O governador sabe, todo mundo sabe, através do relatório enviado”.
 
Procurado para comentar o caso, o juiz da Vara de Execuções Penais, Luis Carlos Valois, informou que quando Bonates assumiu a pasta, as celas já existiam e que o mesmo o consultou verbalmente sobre a necessidade de demolir ou não os espaços.

“Eu disse que não precisava demolir porque elas são usadas como uma espécie de prêmio para os presos com bom comportamento. O que é previsto em lei e evita rebeliões”, afirmou, em referência às celas melhoradas, sem citar as específicas para visitas íntimas.
Valois disse ainda que a orientação para que as celas fossem mantidas, não pode ser considerada uma determinação judicial, já que nenhum papel por escrito foi fornecido por ele. 
Sobre a possível quebra do princípio da igualdade entre os presos, o magistrado afirmou que cabe ao diretor do Compaj garantir que apenas os presos que se enquadram nos critérios de merecimento acessem às celas com regalias. 
“Contanto que as pessoas que utilizem a cela estejam de acodo com a lei, não vejo problema. Faço visitas todo mês no Compaj e mesmo essas celas com regalias têm superlotação, com seis presos em cada uma”, disse.
Revistas
Durante a vistoria feita pela SSP-AM e pelo Exército na manhã de hoje, foram encontrados materias diversos. Além de armas caseiras, conhecidas como estoques, e telefones celulares, foram encontradas máscaras de ferro, videogames, garrafas de whisky e até um narguilê - usado para consumo de tabaco ou maconha. 

Bonates informou que as revistas continuarão como forma de prevenir a entrada de objetos como celulares, armas caseiras - conhecidas como estoques. “Temos medidas austeras de revista. Nossos funcionários são revistadas, assim como as visitas. A comida é fiscalizada. Infelizmente, às vezes, passa alguma coisa”.

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